12.4.14

Lisbon, Portugal. (plus poems of Fernando Pessoa and S. Andresen)

AUSÊNCIA (Sophia de Mello Breyner Andresen)

Num deserto sem água
numa noite sem lua
num país sem nome
ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
nenhuma ausência é
mais funda do que a tua



Saudade:  feeling of missing somebody... La melancolía del fado, la saudade, pinta perfecto a los portugueses. Lisboa tiene muchos sitios turísticos, donde se puede cenar y escuchar canciones que hablan de un pasado feliz.





Castle area.






















Quick notes
Besides being its capital, Lisbon is the top destiny of Portugal. The commercial area of La Baixa, rebuilt after an hearthquake in 1755, Bairro Alto, Plaza del Comercio and the medieval Alfama are just some of the most attractive spots in Lisbon.
Lisbon sometimes doesn´t feel like Europe. Antique, old, worn out. A Portuguese language different to the one from Brazil. Social, racial, economic variety. Strange feeling of safety.
Lisbon is... Music, poetry, food. Good weather. Hanging clothes everywhere. Orange and lemon trees, pink and purple flowers, blossoming Aloe Vera plants. Barking dogs. Trams. And windows of every size.

Corina Moscovich

Chiado. Sculpture of Fernando Pessoa 


Fernando Pessoa - MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.




Belém




Fernando Pessoa (Alvaro Campos) Tabacaria (Portuguese and Spanish)


FERNANDO PESSOA. Poesia de Álvaro de Campos
TABACARIA TABAQUERÍA

Não sou nada. No soy nada.
Nunca serei nada. Nunca seré nada.
Não posso querer ser nada. No quiero ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Aparte de eso, tengo en mí todos los sueños del mundo.
Janelas do meu quarto, Ventanas de mi cuarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), del cuarto de una de las millones de personas del mundo que nadie conoce (y si supiesen quién es, ¿qué sabrían?)
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,miran hacia el misterio de una calle atravesada constantemente por la gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, hacia una calle inaccesible para todos los pensamientos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, real, imposiblemente real, verdadera, desconocidamente verdadera,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, con el misterio de las cosas por debajo de las piedras y de los seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, con la muerte que produce humedad en las paredes y cabellos blancos en los seres,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. con el destino que conduce la carroza del todo por la carretera de la nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. hoy estoy vencido, como si supiera la verdad.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, hoy estoy lúcido, como si estuviera a punto de morir,
E não tivesse mais irmandade com as coisas y no tuviese otro vínculo con las cosas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua que no fuera una despedida, convirtiendo a esta casa de este lado de la calle
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada en la hilera de vagones de un tren, con la partida silbada
De dentro da minha cabeça, desde dentro de mi cabeza
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. y una sacudida de mis nervios y huesos que crujen durante la salida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. hoy estoy perplejo, como quien pensó y encontró y olvidó.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo hoy estoy dividido entre la lealtad hacia
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, la tabaquería del otro lado de la calle, como algo real por fuera,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. y a la sensación de que todo es sueño, como algo real por dentro.
Falhei em tudo. fracasé en todo.
dejo la ventana, me siento en una silla. ¿en qué he de pensar?
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. como no tuve ningún objetivo, tal vez todo fuera nada.
A aprendizagem que me deram, del aprendizaje que me dieron,
Desci dela pela janela das traseiras da casa. me descolgué por la ventana trasera de la casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos. fui hasta el campo con grandes propósitos,
Mas lá encontrei só ervas e árvores, pero allá sólo encontré hierbas y árboles,
E quando havia gente era igual à outra. y cuando había gente era igual a la otra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? ¿qué se yo de lo que seré, yo que no sé lo que soy?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa! ¿seré lo que pienso? ¡pero pienso en ser tantas cosas!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! ¡y hay tantos que piensan en ser la misma cosa que no puede haber tantos!
Gênio? Neste momento¿genio? en este momento
Cem mil cérebros se concebe m em sonho gênios como eu, cien mil cerebros se conciben en sus sueños tan genios como yo,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um, y la historia no reseñará, ¿quien sabe?, ni siquiera a uno,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. de tantas conquistas futuras quedará apenas estiércol.

Não, não creio em mim. no, no creo en mí...
nunca verán la luz del sol ni llegarán a oídos de nadie?

Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! ¡en todos los manicomios hay locos perdidos llenos de certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? Não, nem em mim... y yo que no tengo ninguna certeza, ¿soy más cuerdo o menos cuerdo? no, ni en mí...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo¿en cuántas buhardillas y no buhardillas del mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando? no habrá en este momento genios-para-si-mismos soñando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -¿cuántas aspiraciones altas y nobles y lúcidas
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,-sí, verdaderamente altas y nobles y lúcidas-,
E quem sabe se realizáveis, y quién sabe si realizables,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar el mundo es de quien nace para conquistarlo
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. y no para quien sueña que puede conquistarlo, aunque tenga razón.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. he soñado más que napoleón.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, he apretado contra el pecho hipotético más humanidades que cristo.
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. he pensado en secreto sobre filosofías que ni siquiera kant escribió.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, pero soy, y tal vez seré siempre, el de la buhardilla,
Ainda que não more nela; aunque no viva en ella;
Serei sempre o que não nasceu para isso; seré siempre el que no nació para eso;
Serei sempre só o que tinha qualidades; seré siempre sólo el que tenía cualidades:
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, seré siempre el que esperó que le abriesen la puerta al pié de una pared sin puerta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,  y cantó la canción del infinito en un gallinero,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado. y oyó la voz de dios en un pozo tapiado.
Crer em mim? Não, nem em nada. ¿creer en mí? no, ni en nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente que derrame la naturaleza sobre mi cabeza ardiente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo, su sol y su lluvia, el viento que encuentra mi cabello,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. y lo demás que venga si es que viene o vendrá, o que no venga.
Escravos cardíacos das estrelas, esclavos cardíacos de las estrellas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; conquistamos el mundo entero antes de levantarnos de la cama;
Mas acordamos e ele é opaco, pero despertamos y es opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio, nos levantamos y es ajeno,
Saímos de casa e ele é a terra inteira, salimos de casa y es la tierra entera,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. junto al sistema solar y la vía láctea y lo indefinido.
(Come chocolates, pequena; Come chocolates! (come chocolates, pequeña; ¡come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. mira que en el mundo no hay más metafísica que los chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. mira que todas las religiones no enseñan más que una confitería.
Come, pequena suja, come! ¡come, pequeña sucia, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! ¡ojalá yo pudiese comer chocolates con la misma verdad con que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)sin embargo yo pienso, y después de retirar el papel de plata, que es de estaño, lo tiro todo al suelo, como tiré la vida)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei pero al menos queda la amargura de lo que nunca seré
A caligrafia rápida destes versos, la caligrafía rápida de estos versos,
Pórtico partido para o Impossível. pórtico destruido hacia lo imposible.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, al menos me consagro a mí mismo un desprecio sin lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro noble al menos en el gesto amplio con el cual arrojo
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas, la ropa sucia que soy, sin recibo, al transcurrir de las cosas,
E fico em casa sem camisa. y me quedo en casa sin camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas, (tú, que consuelas, que no existes y por eso consuelas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, ya seas diosa griega, concebida como estatua viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, o patricia romana, imposiblemente noble y nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida, o princesa de trovadores, muy gentil y colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua, o marquesa del siglo dieciocho, escotada y distante,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, o cortesana célebre del tiempo de nuestros padres,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê - o algo moderno -no puedo imaginarme qué-
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! todo eso, sea lo que fuera que seas, si puede inspirar, ¡que inspire!
Meu coração é um balde despejado. mi corazón es un balde vaciado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco como invocan espíritus quienes invocan espíritus me invoco
A mim mesmo e não encontro nada. a mí mismo y no encuentro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. me acerco a la ventana y veo la calle con una nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, veo las tiendas, veo las aceras, veo los coches que pasan,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, veo los entes vivos vestidos que se cruzan,
Vejo os cães que também existem, veo los perros que también existen,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, y todo eso me pesa como una condena al destierro,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) y todo eso es extranjero, como todo).
Vivi, estudei, amei e até cri, viví, estudié, amé y hasta creí,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. y hoy no hay un mendigo al que no envidie sólo por no ser yo.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, le miro a cada uno los andrajos y las llagas y la mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses y pienso: tal vez nunca viviste ni estudiaste ni amaste ni creíste
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); (porque es posible basar la realidad en todo eso sin hacer nada de eso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo tal vez hayas existido apenas, como una lagartija a la que le cortan la cola E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente y sólo es una cola removiéndose, más acá de la lagartija.
Fiz de mim o que não soube hice de mí lo que no supe.
E o que podia fazer de mim não o fiz. y lo que podía hacer de mí no lo hice.
O dominó que vesti era errado. vestí un dominó equivocado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. después me conocieron por quién no era y no lo desmentí, y me perdí.
Quando quis tirar a máscara, cuando quise quitarme la máscara,
Estava pegada à cara. estaba pegada a la cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. cuando la arranqué y me vi en el espejo, ya había envejecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. estaba borracho, ya no sabía vestir el dominó que no me había quitado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário tiré la máscara y dormí en el guardarropa
Como um cão tolerado pela gerência como un perro tolerado por la gerencia
Por ser inofensivo por ser inofensivo.
E vou escrever esta história para provar que sou sublime. y voy a escribir esta historia para probar que soy sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis, esencia musical de mis versos inútiles,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse, ojalá pudiera descubrirte como algo hecho por mí,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte, y no me quedase siempre frente a la tabaquería de enfrente,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo, pisoteando la conciencia de existir,
Como um tapete em que um bêbado tropeça Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. como si fuera una alfombra en la cual tropieza un borracho, o una esterilla que no valía nada robada por los gitanos
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.. el dueño de la tabaquería se asoma a la puerta y se queda en la puerta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada lo miro con la incomodidad de una cabeza torcida
E com o desconforto da alma mal-entendendo. y con la incomodidad de un alma que está malentendiendo.
Ele morrerá e eu morrerei. el morirá y yo moriré.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos. el dejará su letrero y yo dejaré versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também. algún día también morirá el letrero, y los versos también.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, después de ese día morirá la calle donde estuvo el letrero,
E a língua em que foram escritos os versos. y la lengua en que fueron escritos los versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu. morirá después el planeta giratorio donde ocurrió todo esto.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente en otros satélites de otros sistemas algo similar a la gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
seguirá haciendo cosas como los versos y viviendo debajo de cosas como los letreros,
Sempre uma coisa defronte da outra, siempre una cosa frente a la otra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. siempre esto o siempre otra cosa, o ni una cosa ni otra.
Sempre o impossível tão estúpido como o real, siempre lo imposible tan estúpido como lo real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, siempre el misterio de los profundo tan verdaderos como el sueño del misterio de la superficie,
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?) pero un hombre entra a la tabaquería (¿para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. y la realidad de lo plausible cae de repente sobre mí.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano, me incorporo a medias enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. y voy a intentar escribir estos versos en que digo lo contrario.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los enciendo un cigarrillo mientras pienso en escribirlos
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. y saboreo en el cigarrillo la liberación de todos los pensamientos.
Sigo o fumo como uma rota própria, sigo al humo como si fuera una ruta personal,
E gozo, num momento sensitivo e competente, y gozo, en un momento sensible y competente,
A libertação de todas as especulações la liberación de todas las especulaciones
E continuo fumando. y continúo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. mientras el destino me lo conceda, seguiré fumando.
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto. y la conciencia de que la metafísica es la consecuencia de encontrarse indispuesto.
Depois deito-me para trás na cadeira después me reclino en la silla
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira Talvez fosse feliz.) (si me casara con la hija de mi lavandera tal vez sería feliz).
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela. en vista lo cual, me levanto de la silla. voy a la ventana.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). el hombre sale de la tabaquería (¿guarda el cambio en el bolsillo de los pantalones?)
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica. ah, lo conozco: es esteves el que no tiene metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.) (el dueño de la tabaquería se asoma a la puerta).
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. como por un instinto divino esteves voltea y me ve.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo hace el gesto de un adiós, le grito ¡adiós esteves!, y el universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu. se me reconstruyó sin ideal ni esperanza, y el dueño de la tabaquería sonrió.
15-1-1928       15 - 1 - 1928  (trad. luiscor.typepad.com, ene 2008) (Gracias Gonçalo de Portugal)

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